sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Eu vou estar aqaui, sempre.


eu te olhava assim, desconfiando, eu te queria, mas não daquele jeito de demonstrar e gritar aos 7 cantos do mundo, era um grito contido, eu sabia que era impossível, mas me esquecia assim que sentia tua pele e teu cheiro, eles diziam: 'vocês vão ficar juntas pra sempre', e eu dava aquele riso besta, desacreditada, talvez mantendo aquele orgulho feio de dizer que eu sou forte, mas chegava em casa e ria, e sorria muito, e escrevia as coisas mais belas sobre o momento em que nos encontramos, todo dia era como uma vida toda, e eu imaginava a minha vida do seu lado, velhinhas, bem velhinhas, juntas e felizes. os nossos livros, as nossas músicas, o toque, e a ânsia de poder estar sempre, tudo ia crescendo, crescendo, e você ali, perto, era como se por um momento eu soubesse e tivesse a certeza de que existia a tal felicidade, e ela estava bem no fundo da tua retina colorida. eu podia dizer que aquilo valeu todos os meus próximos 10 ou 60 anos, e que eu espero entender que as influências externas, conseguiram me fazer acreditar num plano insano de esperar, ser compreensiva, ser amigável, e ter o brilho nos olhos mantido e talvez um pouco triste por não ter. mas sabe o que é pior? eu não quero ser compreensiva, eu não quero estar aqui parada te esperando e vendo você reconstruir pedaços e caminhos e instantes que eu não estou, eu não sei o que é sorrir, eu sei fingir, desde que você se foi, com uma promessa e um plano, te procuro insana pelos cantos e ruas, troco duas ou três palavras fingindo que você é uma coisa indeterminada, que ainda pode acontecer, eu às vezes penso que tudo isso foi a maior ilusão que um ser humano possa ter, mas mesmo assim, mesmo assim, enxugo as lágrimas, jogo a depressão de cima de uma ponte esperando que no rio, nas águas, as correntezas levem pra longe tudo de bom que vivemos, e levem essa promessa que eu insisto em acreditar, eu acredito tanto, que chega a ser natural acordar, respirar, e lembrar do nosso futuro inexistente, e quanto mais luto pra te apagar, quanto mais finjo que podemos ser boas amigas, e que o que for pra ser, vai ser, mais me perco nos dias felizes que passei com ti, mais ainda, sinto vontade de chocar o mundo e abandonar tudo, e te fazer abandonar, pra correr aqui pro nosso canto enfeitado, não importam os julgamentos, não importa nenhum tipo de conceito ou moral ou ética, e essas coisas todas que uso pra reforçar meu orgulho, mesmo que eu tome todas as atitudes necessárias, sempre vou esperar que as promessas se concretizem, que os sonhos se realizem, que eu possa te buscar no serviço e trazer pra nossa casa, nem fingir, nem apagar, nem me revoltar. eu vou ficar aqui esperando que você chegue com um maço de flores e um vinho, dizendo que veio pra ficar eternamente, o caminho vai ser difícil, ninguém vai entender, mas estar com você, mesmo que seja no meio do olho de um furacão, compensa qualquer calmaria, ou qualquer noite estrelada.
eu vou estar aqui, sempre.

*eu não sou uma maníaca que conhece pessoas e rouba suas histórias pra transformar em textos, mas essa em especial me inspirou. algumas partes foram inspiradas em trechos de C. Moreira.

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